sábado, 11 de abril de 2009

Luísa.

Luísa eh uma menina diferente. Ela não corre como as outras meninas, ela não fala como as outras meninas. Ela não da gargalhadas como as outras meninas.
Luísa eh somente uma garota de cabelos ondulados e pretos que observa o mundo usando como lente os livros que leu e que ama acima de tudo.
As palavras são suas mentoras, mães, filhas e conselheiras. Ela as conhece como ninguém e faz questão de trata-las com o devido respeito que merecem. Respeito que se deve ter com quem mais se ama, com quem eh próximo.
Prefere evitar o contato com as pessoas. São preconceituosas demais, julgam demais, cobram demais, e acrescentam pouco, ensinam menos ainda. Fica assustada com demonstrações explicítas de carinho entre as pessoas como beijos calorosos e abraços apertados. O que lhe faz sentir bem é sentir o cheiro das páginas de um livro novo, ou passar levemente os dedos sobre as páginas de um livro velho. Pegar uma caneta de cor bem forte e grifar com força o papel, despejando cor na superfície tão branca, imaculada.
Alguns lhe julgam tímida, outros antipática, ha ainda os que a consideram doente e tem pena da garota de cabelos ondulados obsecada por literatura. Cansados, precoupados e com um pouco de vergonha do comportamento da filha, seus pais resolveram leva-la num médico. " Isso não pode continuar " repetiam pela casa.
De nada adiantou. Depois de anos, desistiram, ela era incorrigível. Depois de um tempo Luísa desapareceu sem deixar rastros. Nunca foi encontrada. Pensaram em fuga, sequestro, morte. O que as pessoas nunca imaginaram é que Luísa, com seus cabelos ondulados, virou um personagem no meio de tantos outros que ela conhecia e amava e foi fazer feliz outras pessoas que encontram nas palavras um sentido para a vida.

P.S. : conto da analu.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ana e o Mar

Era ainda cedo, e lá estava Ana, molhando seus pés nas águas calmas do mar. Abriu os braços, fechou os olhos e deu um suspiro, talvez de alegria, talvez de tristeza, ou então de amor. Amor pelo mar. Era assim toda manhã, naquela praia de uma cidadezinha pequena. Alguns diziam que Ana era maluca, outros comentavam que "a filha de Seu Paulo era bruxa", e ainda havia aqueles mais criativos que diziam que Ana sabia falar com o mar. A questão era que eles aparentavam se amar realmente, a menina e o mar. Ana não se afastava daquela parte do oceano, deitava-se na beira das águas e ficava lá a sorrir. Ora, todos já começavam a notar: o mar se agitava quando Ana estava por perto, havia um ar diferente. Seria feitiçaria? O fato é que aquela menina de 14 anos, vestida num tecido branco de rendas azuis e tranças negras no cabelo causava rebuliço na cidade. Pra todo lado se ouvia "Ora, onde já se viu? O mar apaixonado por uma menina? Uma menina amando o mar? Tolice!", e Ana se mantia indiferente. Quando um ou outro curioso chegava a perguntar, ela apenas sorria, balançava a cabeça e saia andando. Misteriosa, essa Ana. Mais misteriosa ficou num certo dia, quando a família foi a primeira a notar que parecia excessivamente contente e excessivamente triste ao mesmo tempo. Andava como se estivesse flutuando, cantava algumas canções e fechava os olhos - como fazem os que amam. Naquele dia saiu mais cedo para o mar, levando uma bolsa com roupas e fotos, além de algumas outras coisas sem importância. Ao chegar lá, entrou em um barco - nada sofisticado, mas apropriado para uma viagem longa -, sendo assistida por curiosos que olhavam com o canto do olho, e se perguntavam onde é que aquela menina havia arranjado um barco, onde iria com ele, o que faria. O barco começou a velejar, e foi se afastando aos poucos do litoral e de toda aquela vida. Era todo um mistério aquela partida, e ficou sendo, já que Ana não voltou. Ela fugira com o mar, que fora, naquela manhã, lhe buscar com sua maré.

P.S. : conto da bia !